ENXAQUECA: não a deixe prejudicar seu trabalho e sua vida social.
As dores de cabeça são um grupo de doenças que aflige grande parte da população mundial. A maioria das pessoas, em algum momento de suas vidas, já sofreu ou sofre deste mal. Estima-se que, a enxaqueca, um dos tipos de cefaleia (o termo técnico para dor de cabeça) acometa 600 milhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se de uma cefaleia dita primária, ou seja, não associada a uma lesão cerebral.
Estudos brasileiros demonstraram que a enxaqueca é uma desordem mais frequente em mulheres (numa razão de 2 mulheres para 1 homem) e esteve associada a pessoas com baixa renda familiar, alta escolaridade e sedentárias; devido ao seu significativo impacto econômico, trata-se de um problema de saúde pública relevante.
Existem várias teorias sobre possíveis causas da enxaqueca. A principal delas é a vascular, ou seja, a contração de vasos sanguíneos cerebrais, seguida por sua dilatação, produziria as crises de dor de cabeça. Outra possível causa seria a ação anormal de alguns neurotransmissores no cérebro.
A enxaqueca caracteriza-se por crises de dor recorrentes, moderadas ou intensas, latejantes, frequentemente associadas a enjoos e/ou vômitos, e acentuadas por atividade física rotineira (por exemplo, ao caminhar ou subir degraus), pela luz, barulhos ou odores, localizadas em um lado da cabeça e com duração de 4 horas a 3 dias. Pode haver sintomas neurológicos, que recebem um nome especial: aura. Esta ocorre antes ou durante a dor e pode apresentar-se como luzes piscando ou formigamentos em um lado da face.
Algumas pessoas apresentam sintomas premonitórios nas 48 horas prévias ao início da dor, tais como, irritabilidade, avidez por determinados alimentos, sonolência, bocejos. A enxaqueca pode, ainda, acentuar-se, ou mesmo se apresentar unicamente, no período menstrual; alguns anticoncepcionais podem desencadear crises.
O tratamento da enxaqueca consiste nas terapias medicamentosas e não-medicamentosas. Quanto a estas últimas, seguem as seguintes recomendações:
- Procure manter um padrão de sono regular: evite dormir pouco ou em excesso;
- Evite jejum prolongado ou não se alimentar nos horários de costume;
- Evite uso de bebidas alcoólicas (principalmente vinho tinto) e certos alimentos, tais como chocolate, frutas cítricas, queijos amarelos, defumados e embutidos, cafeína em excesso, glutamato monossódico e aspartame;
- Pratique atividade física regularmente;
- Não abuse de medicamentos analgésicos (para controle da dor): evite a automedicação, pois isso pode tornar sua dor crônica, dificultando o tratamento.
O tratamento medicamentoso, por sua vez, consiste em duas linhas: um para o controle das crises dolorosas, e outro, para prevenção dos episódios de enxaqueca. Não deixe este mal prejudicar seu trabalho e vida social: para uma avaliação qualificada de suas queixas de dor de cabeça e a escolha da terapia medicamentosa adequada, consulte um neurologista.
Dr. Gustavo Moura de Almeida
Médico neurologista
CRM-PR: 32891
Mestrando em Medicina pela Universidade Federal do Paraná